OS ANEXOS EMBRIONÁRIOS
Durante todo o seu processo de
desenvolvimento, o embrião dos vertebrados faz-se acompanhar de uma série de
anexos que, juntamente com ele, formam-se também da segmentação do ovo, mas que
não farão parte do seu corpo após o nascimento ou eclosão. É que tais formações
se destinam, tão-somente, a servi-lo durante o seu desenvolvimento embrionário.
Nos mamíferos, cujo conjunto de anexos é o mais completo, percebe-se
nitidamente o quanto essas estruturas significam como propriedade temporária do
filho e não da mãe, uma vez que, após o parto, os anexos rejeitados pelo filho
eliminados pela mãe.
Os principais anexos embrionários são:
Âmnio ou bolsa amniótica
Alantóide
Córion
Placenta
Cordão umbilical
Decídua
Os anfíbios nem ela possuem. O âmnio, o
alantóide e o córion, além de vesícula vitelina, já aparecem em répteis, aves e
mamíferos. Os mamíferos formam todos os anexos embrionários, inclusive a
placenta, decídua e o cordão umbilical.
Vesícula vitelina
Tem origem, em parte, no endoderma. A sua
função é armazenar substâncias nutritivas (vitelo) para o embrião durante o seu
desenvolvimento. Mas, nos mamíferos, isso não é necessário e, por isso, ela se
atrofia gradativamente, até o quase completo desaparecimento. Na época do
parto, ela está, juntamente com o alantóide, reduzida a vestígios na estrutura
do cordão umbilical.
Convém ressaltar, no entanto, que, durante
as primeiras semanas do desenvolvimento embrionário, esse anexo ainda é
razoavelmente grande para o concepto (em face das minúsculas dimensões deste) e
se apresenta como o primeiro órgão hematopoético (formador de sangue), pois é
ali que vão ser formadas as primeiras hemácias do embrião. Depois, essa função
será delegada ao mesênquima; mais tarde, ao fígado e ao baço. Após o nascimento
do individuo, esta função é desempenhada exclusivamente pela medula óssea
vermelha.
Nos animais ovíparos, que são provenientes
de óvulos telolécitos, a vesícula vitelina é muito grande e presta enorme
serviço ao embrião como reserva nutritiva durante todo o seu desenvolvimento.
Só os anfíbios, dentre todos os vertebrados, não formam esse anexo, embora
conservem uma considerável quantidade de vitelo no interior de células grandes
– os macrômeros -, resultantes da segmentação total e desigual do seu zigoto.
Âmnio ou bolsa amniótica
É uma estrutura membranosa de origem
ectodérmica, em forma de grande bolsa, que envolve todo o concepto. Essa bolsa
acumula gradativamente um líquido claro chamado líquido amniótico, no qual fica
mergulhado o embrião. É um anexo de proteção que impede não só a infecção do
organismo em formação por micróbios provenientes do meio externo, como atenua
qualquer traumatismo que, atingindo o ventre materno, pudesse alcançar o
embrião.
No mecanismo da evolução das espécies, o
âmnio veio desempenhar papel decisivo para a libertação dos vertebrados em
relação à água no seu processo de desenvolvimento. Quando os vertebrados
tipicamente terrestres (répteis e aves), seus embriões já se desenvolviam no
interior de uma bolsa cheia de liquido, eu lhes dava (dentro do ovo) a mesma
condição que tinham os embriões de espécies menos desenvolvidas no meio
aquático. Eles ficavam, assim, mergulhado em líquidos, não correndo risco de
desidratação.
Nos mamíferos, o embrião não se forma
dentro de um ovo com casaca, mas no interior do ventre materno. Ainda assim, o
âmnio, com o seu líquido, confere-lhe um ambiente de certa forma semelhante ao
dos seus primitivos precursores na história da Evolução.
Os animais que desenvolvem o âmnio durante
a sua embrigênese denominam-se amniotas. Compreendem répteis, aves e mamíferos.
Os que não o formam são chamados anamniotas.
Nos mamíferos, o âmnio se rasga, na ocasião
do parto, permitindo a passagem do feto através de si e dos outros anexos
embrionários, com os quais é também eliminado.
Alantóide
A partir de endoderma, um grupo de células
começa a proliferar, formando uma pequena bolsa que cresce gradualmente e vai
se insinuando entre as células do pedúnculo embrionário.
Isso quer dizer que a minúscula bolsa
formada vai se acomodando na estrutura que originará o cordão umbilical. Nas
espécies ovíparas (répteis e aves), nas quais não há cordão umbilical nem
placenta, essa vesícula cresce bastante até alcançar a casca do ovo. Ela passa,
então, a executar para esses animais importantes funções:
a. Função respiratória.
É através do alantóide que ocorrem as
trocas gasosas (02 e CO2) entre o embrião e o meio. Se você impermeabilizar um
ovo de galinha cobrindo-o com um verniz, nele não ocorrerá, de forma alguma, o
desenvolvimento de um embrião. Por que?
b. Função excretora
No saco alantoidiano dos embriões de
répteis e aves são descarregados os produtos da excreção nitrogenada,
representados notadamente pelo ácido úrico, substância esbranquiçada e pouco
solúvel em água, menos tóxica que a amônia (dos peixes) e a uréia (dos
mamíferos). Durante a permanência do embrião dentro do ovo com casca, o ácido
úrico se mantém confinado dentro do alantóide.
c. Transporte de cálcio
Através da alantóide, uma certa quantidade
de cálcio é retirada da casca do ovo e transportada até o embrião, sendo
utilizada na formação dos ossos.
Nos répteis e aves (animais ovíparos) o
alantóide é bem desenvolvido e desempenha um papel muito parecido com o da
placenta durante a sua formação embrionária, não precisam do alantóide, o qual,
por isso mesmo, neles se apresenta pouco desenvolvimento.
Peixes e anfíbios são animais
analantidianos, isto é, que não possuem alantóide durante a formação
embrionária. Répteis, aves e mamíferos já são alantoidianos.
Placenta
É um corpo discóide, achatado, que possui
uma face lustrosa, voltada para a feto e recoberta por membranas. Nesta face se
localizam grossos vasos sangüíneos. A placenta possui ainda outra face,
esponjosa, implantada na parede uterina. Nesta face, estão as vilosidades
coriais, cujos vasos (pertencentes à circulação fetal) estão em íntima
vizinhança com os vasos uterinos (pertencentes à circulação materna). A
circulação sangüínea da mãe não se mistura com a circulação sangüínea do filho.
Mãe e filho trocam substâncias ao nível da placenta, mas os elementos figurados
do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas) não são trocados. Cada um circula
no seu continente. A placenta tem origem trofoblástica e surge a partir do
córion frondoso.
a. Trocas gasosas e metabólicas na relação
feto-materna
As substâncias nutritivas, como glicose,
aminoácidos, lipídios, vitaminas e sais, existentes no sangue da mãe atravessam
a barreira placentária e alcançam a circulação fetal, enquanto, em sentido
contrário, passam os excretas, como a uréia e outros produtos de metabolismo do
feto, que são vertidos na circulação materna. Também os gases, como oxigênio e
dióxido de carbono, sofrem essa permuta, em função das diferentes de pressões
parciais entre o sangue da mãe e o sangue do filho.
b. Imunização fetal
Numerosas moléculas de anticorpos formados
pela mãe, como gamaglobulinas e anticorpos específicos, atravessam a placenta e
passam para o feto, conferido a este último imunidade temporária (por cerca de
seis meses após o nascimento) à maioria das doenças infecciosas imunizantes,
como sarampo, catapora, caxumba, a varíola, difteria etc.
c.Função hormonal
Logo após a nidação do ovo no endométrio, o
corpo-lúteo ou corpo-amarelo, que se forma no ovário após a ovulação, produz
progesterona em dose acentuada, tornando-se volumoso e se estabelecendo como
"corpo-lúteo gravídico". A progesterona por ele produzida e lançada
na circulação provoca no útero um estado de "indiferença" à presença
do concepto, que, na verdade, não passa de um corpo estranho para nele. No
entanto, a partir do quatro mês, a placenta assume integralmente essa função,
produzindo a progesterona e também certa quantidade de estrogênios. Assim, ela
mantém o útero na condição de "indiferença" ao feto. Ao fim da
gravidez, a placenta envelhecida diminui a sua produção hormonal. Essa queda de
produção restitui ao útero a sua capacidade de contração e rejeição do corpo
estranho. O útero passa a contarir-se, visando a expulsão do feto e de seus
anexos. Inicia-se o período de trabalhar de parto.
A placenta representou na evolução das
espécies, uma contribuição da Natureza aos mamíferos, permitindo-lhes
desenvolver suas crias embrionariamente dentro do ventre materno, com maior
segurança. Isso evita o ataque predador aos ovos (o que ocorre com os animais
ovíparos), que limita muito o número de descendentes viáveis. Assim, os
mamíferos podem ter menos descendentes, porém com uma viabilidade maior destes.
Cordão umbilical
É proveniente do pedúnculo embrionário.
Atua como estrutura de comunicação entre o embrião e a placenta. Longo, mais ou
menos cilíndrico, encerra três grossos vasos: uma veia e duas artérias, embora
nas artérias corra sangue venoso (com dióxido de carbono) e na veia corra
sangue oxigenado.
A estrutura do cordão é preenchida por um
tecido conjuntivo gelatinoso conhecido como gelatina de Wharton.
Decídua
É uma membrana delgada, indistinta do
córion liso e do âmnio (as três juntas delimitam a bolsa amniótica). Origina-se
a partir da camada de endométrio (mucosa uterina) que ficou recobrindo o ovo
após a nidação deste. A decídua tem, também função protetora.
Quando o blascotocisto chega ao útero,
penetra na mucosa uterina, incrustando-se nela à custa de enzimas proteolíticas
eliminadas pelo trofoblasto. Essa mucosa – o endométrio – cicatriza em seguida,
recobrindo o ovo. Esse fenômeno é chamado de "nidação do ovo". A
camada de mucosa que reveste o ovo continuará cobrindo todo o concepto durante
a gestação inteira. E não só a ele, mas aos demais anexos embrionários. Essa
final camada de mucosa que se apresenta como uma delgada membrana, grudada à
face externa do âmnio, é a decídua. Praticamente é inseparável no âmnio, e com
ele será eliminada, após o parto. Tem, obviamente função de proteção.
BIBLIOGRAFIA
Soares, José Luiz Fundamentos de Biologia: a célula, os tecidos embrionários, Volume I – José Luiz Soares – São Paulo: Scipione 1998. MARCADANTE, Clarinda Coleção base: Biologia – Volume Único / Clarinda Marcadante, José Arnaldo Favareto – 1. ed – São Paulo: Moderna, 1999. SOARES, José Luiz Biologia: Volume único – José Luiz Soares – São Paulo: Scipione, 1997
Soares, José Luiz Fundamentos de Biologia: a célula, os tecidos embrionários, Volume I – José Luiz Soares – São Paulo: Scipione 1998. MARCADANTE, Clarinda Coleção base: Biologia – Volume Único / Clarinda Marcadante, José Arnaldo Favareto – 1. ed – São Paulo: Moderna, 1999. SOARES, José Luiz Biologia: Volume único – José Luiz Soares – São Paulo: Scipione, 1997
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