terça-feira, 15 de maio de 2012



Dermatofitose (doença de pele, causada por fungos).






Dermatofitoses são infecções fúngicas superficiais causadas por fungos queratinofílicos dos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. Estes fungos utilizam como substrato a queratina presente em pêlos e unhas. È uma afecção bastante importante para cães e gatos, mas em gatos é considerada a doença infecciosa mais importante. Em ambientes com muitos animais é difícil de erradicar e apresenta importante papel zoonótico.

ETIOLOGIA
Microsporum canis é a causa mais comum de dermatofitose felina e canina; não é um agente normal da flora cutânea e sua presença está relacionada com infecção e no caso de gatos de pelame longo, também pode indicar o estado de portador assintomático.


TRANSMISSÃO E FATORES PREDISPONENTES
Os esporos originados de fragmentos de hifas são a forma infectante e os animais tornam-se infectados por contato direto com um animal infectado ou através de contato com um ambiente contaminado (escovas, toalhas, tanques, caixas de transporte, máquinas de tosa, gaiolas, etc.). Os esporos são altamente resistentes e podem persistir em um ambiente por anos.
Animais muito jovens ou muito idosos, com nutrição inadequada, imunossupressão (neoplasias, endocrinopatias, terapias com corticoesteróides) e presença de ectoparasitas facilitam a instalação das dermatofitoses.


ASPECTOS CLÍNICOS
A dermatofitose é muito pleomórfica nas apresentações clínicas e, deve ser investigada em muitas condições cutâneas, principalmente em felinos. O fato de ser uma zoonose e de ser altamente contagiosa indica urgência na definição diagnóstica. O prurido é variável, muitas vezes ausente, mas pode ser intenso. A lesão mais característica é a alopecia circunscrita com descamação, crosta, eritema ou hiperpigmentação. Face e membros são geralmente as regiões mais afetadas. Formas clinicas menos comuns incluem disqueratinização, alopecia simétrica, onicomicose, paroníquia e dermatite miliar (felinos), querion e nódulos (associados com inflamação e até mesmo piodermite bacteriana). Felinos de pelame longo podem ser portadores assintomáticos mantendo a dermatofitose em um gatil ou abrigo, caso não sejam reconhecidos. Em cães nota-se alta prevalência e maior dificuldade de tratamento na raça Yorkshire Terrier.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico diferencial deve incluir piodermite superficial, demodiciose, disqueratinizações primárias e neoplasias cutâneas.
•Lâmpada de Wood: trata-se de uma lâmpada ultravioleta que, na presença de algumas cepas de M. canis torna o pêlo esverdeado. Pode ser considerado um exame de triagem, pois nem todas dermatofitoses serão evidenciadas por esta técnica. Excesso de escamas e terapias tópicas prévias podem alterar o resultado.
•Cultivo Micológico: é considerada a técnica padrão e a mais confiável para o diagnóstico definitivo. Permite identificação do gênero e espécie do dermatófito. O cultivo pode ser realizado em agar Sabouraud ou DTM, mas o primeiro, apesar de mais lento (até 21 dias para interpretação), ainda apresenta mais precisão. Os pêlos que serão cultivados devem ser os da periferia lesional devido ao crescimento centrífugo dos dermatófitos. Para animais portadores sãos indica-se a colheita das amostras por meio de escova dental ou carpete estéreis. Esta última técnica, portanto, seria a mais indicada em gatis de Persas, a titulo de identificação dos animais que estão perpetuando a doença na colônia. As colônias de M. canis em Agar Sabouraud são de tonalidade amarelo claro com pigmento alaranjado no verso da placa.
•Biópsia e Histopatológico: é o procedimento de escolha nas lesões de querion e nodulares. A coloração pode ser realizada com HE, porém PAS deve facilitar a identificação dos elementos fúngicos.


TRATAMENTO
O sucesso terapêutico será obtido principalmente na associação de terapia tópica, sistêmica e controle ambiental.
•Tratamento Sistêmico
1.Griseofulvina: é a droga de escolha no inicio do tratamento (50mg/kg SID), durante mínimo de 6-8 semanas. Em gatos de pelame longo e em gatis, o tratamento deve ser suspenso após 2 ou 3 culturas negativas.Alimentos gordurosos facilitam a absorção deste fármaco. Dentre os efeitos colaterais
destacam-se, teratogenia, gastroenterite, neutropenia e hepatopatia.
2.Cetoconazol: droga indicada para uso sistêmico apenas em cães. A dose indicada é de 10mg/kg SID e também deve ser administrado com alimentação. Os efeitos colaterais são os mesmos da griseofulvina.
3.Itraconazol: pode ser administrada em cães e gatos, na dose de 5-10mg/kg SID. As doses mais elevadas podem ser associadas com mais efeito colateral, como gastroenterite e farmacodermias.Também não pode ser administrado em fêmeas prenhes.
•Vacinação
As vacinas podem ser consideradas uma terapia adjuvante, mas isoladas não conseguem negativar animais positivos (gatos). Animais vacinados apresentam recuperação mais rápida do quadro lesional. Não há evidencias de que as vacinas previnam as dermatofitoses em animais negativos.
•Tratamento Tópico
O tratamento tópico limita a disseminação dos fungos para outros animais e para o ambiente. Prefere-se o uso de formulações a base de xampus para aplicação em animais previamente tosados (principalmente gatos de pelame longo). Os xampus mais efetivos para esse propósito são à base de miconazol ou cetoconazol e devem ser aplicados duas vezes por semana.
•Ambiente
Os desinfetantes mais efetivos contra fungos são hipoclorito de sódio, glutaraldeído e enilconazol (não disponível no Brasil). Medidas gerais de limpeza como ventilação, aspiração e remoção de toalhas, escovas e camas também devem ser empregadas. 

SALZO, P. Dermatofitose e microscopurum canis. Disponível em : http://www.amicinet.com.br/noticias/?acao=lm&tp=2&id=419. Acessado em 15 de maio de 2012.


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