Origem e Evolução do Microscópio
Já no tempo de Aristóteles se
sabia que muitos seres vivos eram formados por órgãos. No entanto era
totalmente desconhecida a existência das células como componentes daqueles
órgãos.
Qual
seria a principal razão para o desconhecimento da existência de células na
Grécia Antiga?
Certamente que a principal
razão seria o fato de não existirem ainda meios que permitissem a visualização
de objectos de dimensões tão pequenas - ainda não tinha sido inventado o microscópio.
Galileu Galilei (1564 -1642) Foi um matemático, astrónomo e físico
italiano. É considerado o fundador do método experimental e defendeu a teoria
copernicana de um universo heliocêntrico ( o Sol como o centro do nosso
Universo) e de uma Terra móvel, o que lhe valeu numerosas críticas,
nomeadamente por tais noções serem contrárias àquelas produzidas na bíblia. Por
esse motivo Galileu foi julgado e condenado em 1633, e teve de abjurar perante
a Inquisição.
No final do séc. XVI, Galileu
cria o telescópio usando um tubo e duas lentes convexas (1609). Foi a primeira
pessoa a aplicar o telescópio ao estudo dos céus.
Qual
foi o avanço permitido pela criação do telescópio?
O telescópio permitiu o
estudo dos céus e a evolução do conhecimento acerca destes.
O que
acham que se observa quando voltamos o telescópio ao contrário e olhamos
pelo lado oposto?
Galileu descobriu que se dispusesse duas lentes num tubo obteria um
aparelho que, olhando de uma das extremidades, permitia a visualização
pormenorizada de objectos distantes – o telescópio. O mesmo aparelho, quando
olhado pelo extremo oposto, permitia visualizar objectos pequenos, invisíveis a
olho nu – o microscópio.
É neste ponto que se estabelece uma transição do imensamente grande,
para o infinitamente pequeno.
No século XVII, com a Revolução Industrial, a tecnologia impõe-se. A par
ocorre a “revolução científica” e começa-se a atribuir um maior valor à
experimentação, o que motivou a construção e o aperfeiçoamento de vários
instrumentos de laboratório, entre os quais o microscópio.
O exemplo do microscópio serve também para ilustrar que a investigação
científica não é uma atividade neutra, que se desenvolve isoladamente da
sociedade, mas antes uma atividade intimamente ligada e influenciada por
várias características da sociedade tais como a cultura vigente, a política ou
a época em questão. A ciência desenvolve-se em conjunto com a sociedade.
Em 1590, os irmãos holandeses
Francis e Zacharias Janssens, construiram o primeiro microscópio óptico
composto.
Do século XVII não sobreviveram retratos de Robert Hooke
(1635-1703). Era filho de um homem do clero e foi educado em casa pelo pai. Entrou
para o colégio de Westminster com a idade de 30 e daí passou para a
Universidade de Oxford onde alguns dos melhores cientistas da Inglaterra
estariam a trabalhar na altura. Os cientistas ficaram impressionados com a sua
habilidade e perícia para a construção de equipamentos e elaboração de
protocolos e rapidamente se tornou um assistente do químico Robert Boyle.
Em 1665, o inglês Robert Hooke, publicou os resultados das suas
investigações, realizadas para a Royal Society de Londres, no livro “Micrographia”.
Hooke fabricou um microscópio óptico composto bastante mais aperfeiçoado
relativamente ao de Jansen e examinou um pedaço de cortiça. Nela observou
numerosas cavidades microscópicas, às quais chamou “poros” ou “células” e que
lembram a disposição de um favo de mel.
Na descrição feita por Hooke, este utiliza, pela primeira vez, o termo
“célula” – pequena cela – para designar as pequenas cavidades que observa na
cortiça. Porém, Hooke viu apenas as paredes esqueléticas sem antever a sua
natureza real e a sua individualidade. Não supôs que o fundamental fosse o
conteúdo da célula e não o material que limita a cavidade.
Os seus trabalhos encorajaram no
entanto, outros cientistas a utilizar o microscópio na observação de material
biológico.
No início do século XVII, os microscópios compostos eram já comuns na
Europa. No entanto, produziam uma imagem de péssima qualidade devido a
aberrações cromáticas produzidas pelas lentes. Assim, muitos investigadores
preferiam usar microscópios simples, construídos com apenas uma lente
cuidadosamente polida.
Antony van Leeuwenhoek (1632-1723) era um
cientista invulgar (o seu último nome é muitas vezes de complicada pronúncia
para quem não fala holandês; "layu-wen-hook" é uma aproximação
possível em Inglês). Veio de uma família de comerciantes, nunca teve fortuna,
não recebeu formação universitária, nem sabia outra língua para além do
holandês. O seu pai fazia cestos, enquanto que a mãe vinha de uma família de
cervejeiros. Mesmo assim, com perícia, persistência, uma curiosidade
infinita e uma mente aberta e livre do dogma científico da época, Leeuwenhoek
fez algumas das mais importantes descobertas na história da biologia.
Em 1648, foi aprendiz numa loja
de negociantes de linho e mais tarde ele próprio aderiu ao negócio dos tecidos.
Em 1668 aprendeu a polir lentes, uma vez que costumava usar uma lupa na para
avaliar a qualidade dos tecidos, e fez assim o seu primeiro microscópio. Há
quem diga que teria sido inspirado pelo trabalho de Robert Hooke, após ter
visto a capa de uma cópia do Micrographia numa livraria.
Após algumas experiências com
microscópios compostos, abandonou o seu uso uma vez que não era exequível uma
ampliação superior a 20 ou 30 vezes. A sua perícia no polimento de lentes
permitiu-lhe construir um microscópio óptico simples (apenas com uma lente de
boa qualidade) que ampliava mais de 200 vezes. Foi assim que se tornou um
pioneiro na observação de diferentes espécies microscópicas: protistas, algas e
bactérias, as quais desenhou e enviou à Royal Society de Londres.
Os seus microscópios eram individualmente feitos para cada amostra e
alguns dos seus “infinitamente pequenos” eram observados com uma ampliação de
cerca de 300 vezes, uma façanha considerável, mesmo em comparação com alguns
instrumentos modernos. O microscópio de Hooke, apesar de composto (com uma
lente ocular e uma objectiva) apenas tinha um poder ampliador de 30 vezes.
Com a ajuda de um microscópio
simples, Leeuwenhoek observou e desenhou os “infinitamente pequenos”.
Curiosamente, alguns destes seres microscópicos apresentam grandes homologias
com os seres humanos, como é o caso da existência de sistema digestivo.
Atualmente, os micróbios observados no microscópio óptico composto, são
bastante diferentes dos observados por Leeuwenhoek.
Qual é
a possível causa da diferença entre as atuais observações e as
observações de Leeuwenhoek relativamente aos seres microscópicos?
Devemos considerar que, apesar do microscópio de Leeuwenhoek ter
capacidade de ampliar mais de 200 vezes, os conhecimentos científicos da época
relativamente a microrganismos ainda eram muito rudimentares. Assim,
estabeleciam-se algumas homologias com a anatomia humana, pois esta era já bem
conhecida. Para além deste aspecto, os cientistas encontravam-se sob pressão da
religião, e mesmo quando faziam descobertas que iam contra noções bíblicas
tinham receio de serem condenados e ridicularizados.
Acompanhando
o desenvolvimento da mecânica fina em meados de século XVIII, Cuff passa do uso
da madeira e couro para o metal, e reúne pela primeira vez num instrumento a
focalização por parafuso, platina para amostras, espelho para luz transmitida e
reflectida, que permitem equivalência com a disposição moderna.
Microscópio de Culpeper
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Microscópio de Cuff
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Inevitavelmente, o estilo artístico rococó não poderia ter deixado de
influenciar o microscópio. Este estilo desenvolvido em França a partir dos
primeiros anos do séc. XVIII, expandiu-se depois para a Alemanha e Aústria a
posteriormente para os restantes países da Europa. Notabilizou-se pelo abandono
da austeridade e solenidade do barroco, em favor de uma linguagem mais
requintada e sensual, na qual o ornamento assumiu um papel fundamental.
O microscópio construído pelos irmãos Adams para o Rei George III, em
prata e querubins, apesar de sua sofrível qualidade óptica, merece a atenção da
crónica histórica.
Microscópio de Adams
Após
estas primeiras descobertas, os estudos microscópicos progrediram muito pouco,
e nos duzentos anos seguintes, nenhuma descoberta importante foi feita.
Finalmente,
a partir de 1830, começaram a produzir-se lentes acromáticas, que não dão
origem a aberrações. Este progresso culminou com a invenção, pelo físico alemão
Ernest Abbé, do microscópio acromático com condensador, praticamente idêntico
aos utilizados actualmente.
A hipótese de que todos os seres vivos são
constituídos por células foi crescendo lenta e gradualmente, à medida que iam
sendo aperfeiçoadas as lentes e os microscópios, que permitiram observações
mais precisas da estrutura interna dos seres vivos. O aparecimento do
microscópio permitiu também o nascimento de um nova ciência: a citologia.
A citologia é a ciência que estuda a célula que
só foi possível conhecer depois do aparecimento do microscópio.
Em 1930, V. Zworkin inventa o microscópio eletrônico. O seu
uso veio a revelar a ultra-estrutura celular, permitindo aumentar ainda mais o
objecto da biologia.
No microscópio electrónico a luz
é substituída por um feixe de electrões que se propaga no vácuo. Este
microscópio não utiliza elementos ópticos, mas lentes electrostáticas ou
magnéticas, do que resulta uma ampliação e um poder de resolução muito maior.
O microscópio
de fluorescência baseia-se na propriedade de certas substâncias que absorvem luz de
determinado comprimento de onda e emitam luz de um c. d. o. superior:
substâncias com propriedades fluorescentes. A clorofila é uma substância
fluorescente quando iluminada com luz U.V.
O microscópio
de contraste de fase tem, associado ao condensador,
um diafragma especial que faz com que a luz passe apenas por certas zonas.
Deste modo, mesmo que o material biológico seja muito fino é possível observar
a imagem pretendida, pois o contraste é muito superior.
O microscópio
óptico de fundo escuro tem associado um diafragma
opaco na zona central. A luz passa por aberturas laterais que formam uma coroa
circular. O objeto aparece brilhante num fundo escuro. Promove um elevado
contraste entre o objeto e o fundo.
O microscópio
confocal permite visualizar imagens de diferentes planos do objeto a faz a sua
sobreposição. Deste modo, possibilita a criação de imagens tridimensionais.
Funciona com raios laser que visualizam um único plano de cada vez, de modo a
não haver sobreposição de imagens
O microscópio eletrónico de
varrimento permite obter imagens a 3 dimensões. Outro nome é microscópio de
scanning. O material é recoberto de ouro ou ouro e paládio. Um feixe de
eletrões é emitido e vai embater com o material que está revestido. Em vez de
os electrões penetrarem no material, são reflectidos. O microscópio tem um
detector que recebe os eletrões e cria a imagem.
A ciência
é então uma atividade que está em constante mutação e evolução e que depende
primordialmente da tecnologia. Existe uma interrelação entre evolução
tecnológica e evolução do conhecimento científico
Origem e evolução do microscópio.Disponível :
http://www.prof2000.pt/users/biologia/historia.htm. Acessado em 10 de março de 2012.
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